Deixa-me aninhar-me em teu sofá.
Aquele que tens ao pé da lareira,
coberto com uma manta
que te aconchega
nas noites que lá passas
em solidão.
Deixa-me aninhar-me
e ficar lá.
Sentir que já lá estiveste antes,
onde agora também eu estou...
Fico quieta, fico calada,
e, em troca, não peço nada.
Não é teu corpo
quem eu procuro.
É tua Alma, que tanto escondes
e que a ninguém ou alguém pertence.
E fico lá...
Bem escondida,
tão recatada,
bem embrulhada
naquela manta que te aconchega.
E, talvez um dia, tu me percebas...
E talvez tu, também um dia
te aninhes lá.
E compreendas, que já lá estive,
e que minh'Alma se encontra lá.
Deixa-me aninhar-me no teu sofá,
sentindo o aroma de tua essência,
não querendo nada.
Sabendo só que tua Alma,
finalmente viu, a minha Alma
e percebeu...
... que eu estou lá.
E que um dia, me embalará..
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