Avozinha...
Tenho saudades
do pão que cozias no forno.
Tenho saudades
de ver-te sentada naquele banquinho,
encostada à trave de madeira,
enquanto corríamos
para cima e para baixo,
à apanhada ou a outra coisa qualquer.
Sinto falta da tua voz pacífica,
dos teus modos calmos,
do teu riso escondido com vergonha,
pela mão que punhas em frente à boca...
Porque farias tal coisa?
Teu sorriso era tão bonito.
Tenho mesmo saudades tuas...
Hoje, se estivesses aqui,
saberias ouvir-me,
escutar-me, compreender-me...
Não me acharias doida,
nem instável, nem outra coisa qualquer...
Saberias pacificar-me,
com palavras simples,
mas cheias de amor e sabedoria...
Sinto muito a falta desses tempos.
Refugio-me no passado,
quando o presente parece difícil,
e o futuro parece coisa utópica
que jamais será realidade.
Refugio-me nesses momentos,
em que tudo era tão seguro,
tão certo e tão como devia ser.
Hoje, Avozinha, chamei por ti.
Acho que nunca o fiz antes,
acho que não tenho direito
de fazê-lo sequer...
Onde quer que estejas,
tens mais que fazer...
Mas, hoje, senti mesmo a tua falta,
e hoje, desejei que estivesses aqui comigo,
que nos pudéssemos sentar,
perto uma da outra,
tu, no teu banquinho desengonçado,
junto da trave de madeira,
e eu em qualquer sítio...
Só para te ouvir, para te escutar,
para que falássemos da Vida,
e de como soubeste viver.
Tenho saudades tuas,
Avozinha...
Se puderes, vem ter comigo...
Nos nossos sonhos tudo é possível
e podemos conversar...
É que tenho mesmo, mesmo saudades de TI.
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