sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aos que ficaram e aos que já se foram...

Quando fiquei doente, jamais imaginei as implicações que esse facto teria na minha Vida. Tinha uma longa luta pela frente e não podia desconcentrar-me do meu objectivo, que era sobreviver.

Há alguns dias atrás, fui visitar um amigo que perdeu a irmã dele para o cancro da mama, há três anos atrás. Depois da morte da irmã, nunca mais tive coragem para o ir visitar. Foramos todos amigos de infância, e podemos ser culpados por levar o sofrimento das memórias e eu não queria isso, nem para ele, nem para mim.  Depois de saber que estava doente, exactamente como a irmã dele estivera, abstive-me completamente de o visitar, pois sabia que seria o mesmo que lhe lembrar não a Vida, mas a morta da irmã. Então, porque fui eu visitá-lo? Porque ele o pediu à minha irmã.

O triste de tudo isto foi que eu me exclui da vida dele, porque pensei por ele, em vez de perguntar-lhe o que sentia ele quando me via. Julguei que ele pensaria: "Porque é que Deus te poupou a ti e levou a minha irmã?" Porém, percebo agora, que essa culpa, sou eu que a carrego, pois, todos os dias somos confrontados com histórias de sucessos e insucessos na luta pela Vida, mas eu continuo a perguntar-me por quer continuo cá. Penso no meu amigo Paulo, que partiu em Novembro, penso no pai do meu médico que partiu há aproximadamente um ano. Penso na minha amiga de infância, penso em todos aqueles que todos os dias lutam cheios de sofrimento pela Vida, mas qu econtinuam a lutar, embora por vezes a morte pareça uma Amiga tranquila e pacificadora. Penso na filha de um grande amigo meu, que apesar de mais nova que eu trava esta mesma batalha, e que é uma inspiração para mim, vencendo cada obstáculo, dia após dia, sempre sorrindo... Penso que não tenho que pensar se as coisas fazem ou não sentido para mim, já que eu não sou quem tem o poder de decidir e de ver para além daquilo que o nosso olhar consegue abranger.

Hoje faço uma homenagem a todos os que lutam pela Vida, aos que se foram e aos que permacem ainda neste Mundo.

Não há batalhas que não se consigam vencer, nem que sejam aquelas que travamos interiormente com todos os nossos medos e fantasmas. Somos Seres Humanos. E áqueles que acreditam, tudo é possível.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011













Quando a Vida
parece descarrilar,
e somos postos à prova,
como se alguém
brincasse com o Destino,
fugimos a refugiar-nos
dentro de nós mesmos
juntando os cacos
que sobraram das batalhas
que vamos ultrapassando.

Há alturas em que,
é tão difícil continuar,
que achamos que os pedaços,
são já só pedacinhos
completamente esmilhados
pelo peso das constantes lutas.

Sem querer,
quase acreditamos
que já nada resta para colar.
E aí vem Deus,
toma-nos nos braços,
e restaura o nosso coração.
E percebemos
que nunca estivemos só,
e que todos os pedacinhos
eram só as nossas lágrimas
que Deus cristalizara no Tempo.

E quando acordamos
aninhados em Seu colo
somos de novo crianças,
protegidas, amadas e abraçadas,
pela maravilhosa Luz da Vida.




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hoje foi um dia bom!!

A minha psicóloga do IPO diz que, quando se tem um blog, é porque temos algo a dizer ao Mundo. Eu não sei se o que tenho a dizer ao Mundo interessa a alguém. Contudo, espero que o facto de aqui ir deixando algumas ideias, façam com que outros, na mesma situação, ou em situações idênticas à minha, possam criar um pouco de esperança dentro de si, no que diz respeito a esta doença que assola pessoas em todo o Mundo.

Hoje soube que os meus valores tumorais continuam normais. Isso é a melhor notícia que um doente oncológico pode ter. Por isso, hoje foi um dia bom para mim. Um dia em que recuperei um pouco da esperança que se perde, por vezes, com o dia a dia que todos temos.

As perdas que sofri, de pessoas que amei e amarei, para esta doença, são já bastantes e dolorosas. Por vezes, sinto uma culpa imensa por Deus me ir poupando, enquanto foi levando outros. As pessoas dizem que é a Vida. E talvez seja isso mesmo. A Vida, desenrolando o seu papel, no Universo de todos nós.

Não desistam de viver. Tenham fé. Nos médicos, em  vós, em Deus, no futuro, ou em qualquer outra coisa que vos faça mover em frente.

Obrigada por partilharem este dia comigo. Obrigada por existirem. E, nunca se esqueçam: SEJAM FELIZES!